Controle Biológico: um novo olhar para a agricultura sustentável

Controle biológico de pragas com uso de insetos como agentes de combate na agricultura foi tema de uma pesquisa desenvolvida pelo Instituto Biológico (APTA), departamento de Entomologia, instituição ligada à Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo que descobriu a ação eficaz dos insetos como combatente de pragas.

O tema teve repercussão devido ao principal agente de defesa: as joaninhas. Símbolo de sorte e fartura, esses insetos estão sendo utilizados como alternativas para agricultores que buscam mais uma ferramenta de combate às pragas presentes nas lavouras.

Liderado pela engenheira agrônoma, pesquisadora cientifica da APTA/Polo Extremo Oeste, Terezinha Monteiro dos Santos, a pesquisa aponta que o controle biológico pode ser encarado como uma opção adequada para o agricultor que pretende agregar valor ao produto.

Além disso, essas tecnologias permitem a produção de alimentos de maior qualidade, saudável e livre de resíduos, respeitando o meio ambiente, atendendo às exigências de consumo que cresce a cada ano. Mas, é importante reforçar, que as ações não substituem o uso de produtos indicados pelos técnicos e profissionais da área.

Joaninhas são aliadas no controle biológico de pragas

Insetos do bem: aliados do controle biológico de pragas

Segundo Terezinha, “as joaninhas são consideradas insetos predadores porque se alimentam de insetos-pragas presentes em hortaliças, frutíferas e jardins. A maioria das joaninhas adora comer pulgões, que são também insetos. Os pulgões são pragas que causam danos às plantas, devido ao hábito de se alimentarem da seiva dessas plantas. As joaninhas são insetos do bem, em um único dia uma jovem ou adulta pode consumir centenas de pulgões, colaborando com o agricultor, pois atua diminuindo a população do pulgão, que é uma praga bem conhecida”, explica a pesquisadora.

Chamados de insetos do bem, eles consomem outras presas como as cochonilhas, moscas brancas, ácaros, psilídeos, ovos de borboletas e de mariposas, o que contribui para o controle natural das pragas presentes em plantações que estão ligadas diretamente à dieta do brasileiro como o arroz, feijão, milho, folhosas, verduras, laranjas e muitos outros alimentos, inclusive ingerido por animais como os bovinos que podem causar problemas no seu consumo final.

“A joaninha é um agente de controlado biológico de pragas e quando estão presentes em uma área de produção, auxiliam na redução populacional das pragas. Por isso, devemos estar atentos a sua presença no campo e reconhecê-la em seus diferentes estágios de vida (ovo, larva, pupa e adultos) para diferenciá-la de um inseto-praga. Em decorrência de sua ação benéfica, como agente de controle biológico de pragas, é fundamental quantificar sua população e as espécies de ocorrência na área agrícola, pois, o uso de inseticidas no controle de pragas pode ser reduzido”, diz.

Terezinha mostra  que é importante manter o uso racional de agrotóxicos e uma fiscalização mais direta para não eliminar a presença dessas joaninhas.

“Em países da América do Norte e Europa existem fábricas de produtos biológicos, conhecidas como biofábrica que comercializam joaninhas e outros tipos de insetos benéficos. Nesses países, o agricultor pode adquirir joaninhas para liberar em suas plantações e controlar de maneira natural e eficaz as pragas. Já no Brasil, existem biofábricas que comercializam produtos para o controle biológico de pragas, no entanto, ainda não existe produção comercial de joaninhas.

Cryptolaemus montrouzieri, espécie de joaninha foi registrada e reconhecida pelo MAPA como produto biológico para controlar pragas em várias culturas”, explica.

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Insetos positivos usados no controle biológico de pragas

 

Agentes para o controle biológico de pragas

Já existem no Brasil empresas que vendem inimigos naturais de pragas, fornecendo ótimas opções de agentes para o controle biológico de pragas, para agricultores que produzem alimentos de maneira ecológica. Em Uberaba/MG, foi instalada este ano, a primeira planta industrial do país de produção de controle biológico de pragas por vírus para a Lagarta-do-cartucho-do-milho (Spodoptera frugiperda), considerado uma das principais pragas da agropecuária brasileira, podendo reduzir em até 52% a produtividade além de atacar produções presentes em todo o território nacional como milho, sorgo, arroz, algodão, soja e até pastagens.

O bioinseticida é feito à base de Baculovirus spodoptera e está sendo produzido pela VR Biotech, empresa do Grupo Vitae, criada para desenvolver o novo produto sob patente da Embrapa, em escala industrial. Segundo o diretor da empresa, Paulo Bittar, esse inseticida biológico é inovador e foi criado dentro da linha do Grupo Vitae de produção inovadora, natural e sustentável podendo substituir o uso de inseticidas químicos.

“Na agricultura temos diversos insetos e também outros organismos como fungos e bactérias que são capazes de provocar perdas econômicas, redução de colheitas e, essas pragas eram comumente controladas por meio de substâncias químicas que matam insetos e outros organismos”, aponta o diretor.

“Em 2009, entraram em cena as sementes transgênicas modificadas geneticamente capazes de expressar proteínas e substâncias que combatem insetos. Com o controle biológico de pragas a proposta é de espalhar organismos vivos capazes de atacar e até matar as populações de pragas”, reforça Bittar.

O projeto teve inicio há mais de 30 anos com o pesquisador da Embrapa Milho e Sorgo, Fernando Valicente, que viabilizou o desenvolvimento do processo industrial para a fabricação do produto a base de Baculovirus spodoptera, capaz de combater a Lagarta do Cartucho.

“Essa ideia surgiu quando comecei a trabalhar com controle biológico da lagarta do cartucho há 33 anos. Desde então, iniciamos as coletas de insetos que eram trazidas para o laboratório e observadas diariamente. Deste material isolamos o vírus que contaminavam estas lagartas, denominados Baculovirus que não causam danos ao meio ambiente e não mata os inimigos naturais das lagartas”, diz.

“Além do mais, não contamina rios e nascentes e não contamina o produto final a ser consumido. O Baculovirus foi desenvolvido como produto biológico e durante esse período foram realizados vários bioensaios de laboratório como a caracterização, eficiência, temperatura e todo um processo simulando uma produção em grande escala”, explica Bittar, que é engenheiro agrônomo e PhD em Entomologia”, completa.

A parceria envolve também instituições como o Sebrae, a Vitae Rural Tecnologia, a Universidade Federal do Triângulo Mineiro (UFTM), o Parque Tecnológico de Uberaba, o Instituto Federal do Triângulo Mineiro (IFTM), a Finep e o CNPQ.

Nossa Entrevistada

 Pesquisadora responsável pela pesquisa de controle biológico de pragas  Terezinha Monteiro dos Santos Cividanes é pesquisadora da Agência Paulista de Tecnologia dos Agronegócios (APTA) da Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo.

A pesquisadora possui graduação em Engenharia Agronômica e Mestrado pela Universidade Federal de Lavras, Lavras, MG; Doutorado e Pós-Doutorado pela Universidade Estadual Paulista/Faculdade de Ciências Agrárias e Veterinárias, Jaboticabal, SP. Trabalha na área de Entomologia Agrícola/Controle Biológico principalmente com estudos sobre insetos predadores da Família Coccinellidae. Atua como Pesquisadora do CNPq, Bolsista modalidade “Produtividade em Desenvolvimento Tecnológico e Extensão Inovadora.

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