Brucelose bovina: tratamento e controle

A brucelose bovina é uma doença infecto-contagiosa provocada por bactérias do gênero Brucella que podem deixar os animais infectados estéreis, sendo também uma das principais causas de aborto desses animais. A doença é transmissível e ataca além dos bovinos outras espécies de animais inclusive a humana.

Entre as maneiras de transmitir a brucelose bovina está à aquisição de animais infectados, o hábito de o bovino sadio lamber a genitália de uma fêmea doente e, no caso do contagio humano devido a ingestão de alimentos contaminados. Lesões da pele também podem causar a infecção do animal.

Já na pecuária leiteira entre os principais danos da brucelose bovina está o alto número de abortos, além da repetição de cio e nascimentos de bezerros prematuros. Causando ainda um grande impacto na queda da produção leiteira, acarretando grandes prejuízos econômicos.

a brucelose bovina causa inúmeros danos aos rebanho

Outros prejuízos causados pela brucelose bovina:

  • Desvalorização do animal por ser enviado para abate;
  • Redução na produção de leite;
  • Redução no nascimento de bezerros;
  • Nascimento de bezerros fracos.

Controle e Prevenção da brucelose bovina

Para a eliminação da doença é necessária tomar algumas medidas, entre essas:

  • Vacinação das bezerras com três a oito meses de idade;
  • Exame de todo o rebanho, pelo menos uma vez por ano;
  • Repetição do exame dos bovinos, no caso dos suspeitos, três meses após ao primeiro exame;
  • Eliminação dos bovinos doentes – no caso de abate;
  • Isolamento das vacas que abortarem;
  • Recondução ao rebanho somente das vacas com exame negativo para brucelose;
  • Consulta ao técnico para o envio de materiais específicos para exames laboratoriais;
  • Enterro do material resultante do abortamento;
  • Desinfecção com cal ou creolina de todo o material que teve contato com o feto, membranas fetais e líquidos fetais;
  • Aquisição de animais somente oriundos de plantéis que estejam livres da doença. A comprovação é feita através de exames de sangue (sorologia) negativos.

a brucelose bovina prejudica a pecuária leiteira

Vacinação de brucelose bovina

A vacinação contra brucelose é obrigatória nas fêmeas tanto bovinas quando bubalinas, entre 3 a 8 meses de vida, em dose única da vacina B19. No caso das raças bovinas, os veterinários podem optar pela substituição pela vacina RB51, também em dose única, usada também nas fêmeas adultas. Lembrando que nesses casos, a revacinação acontece anualmente de acordo com o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento – MAPA.

Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose

Desde 2001, criadores, veterinários e zootecnistas contam com o Programa Nacional de Controle e Erradicação da Brucelose e tuberculose animal (PNCEBT), promovido pelo MAPA. O manual apresenta procedimentos, prazos para vacinações, ações sanitárias, fiscalização do serviço veterinário oficial, dentre outras orientações tanto para os criadores quanto para os profissionais da área.

Entre as orientações previstas está o acompanhamento do rebanho para a vacinação contra a brucelose bovina que deverá ser feito por um médico veterinário que emitirá o receituário para aquisição das vacinas contra a brucelose. Além disso, esse mesmo profissional será responsável pela vacinação contra a brucelose nas bezerras e deverá emitir o atestado comprovando a vacinação contra de imunização contra a doença.

A compra só poderá ser feita em estabelecimentos credenciados pelo MAPA mediante apresentação do receituário médico expedito pelo veterinário habilitado. Todos esses receituários serão arquivados para fins de fiscalização e controle das vacinação de imunização contra a brucelose.

Agente causador da brucelose bovina

A brucelose bovina é transmitida pela bactéria Brucella que se manifesta como hospedeiro. Por isso, é importante identificar os principais sintomas causares da brucelose bovina. Nas fêmeas, por exemplo, ocorre o aborto que ocorre geralmente entre o 7º e 9º mês de gestação. Além disso, a doença favorece o nascimento de bezerros frágeis e a retenção de placenta ocasionando graves infecções. Já nos machos a brucelose causa doenças como artrite, conhecidas por deixar as juntas inchadas e a orquite – que causa o inchaço da bolsa escrotal do animal.

Brucelose Humana

A brucelose não é uma doença restrita apenas aos animais. Confundida muitas vezes com outras doenças como a tuberculose e até com uma gripe, diversos casos foram registrados em humanos, o que é considerado por médicos infectologistas como um sério problema de saúde pública.

O médico infectologista especialista em brucelose humana, Marcos Vinícius da Silva, em entrevista concedida ao portal da Sociedade Brasileira de Medicina Tropical (SBTM) disse que o desconhecimento da brucelose por parte dos médicos é a grande dificuldade para o diagnóstico laboratorial afetando diretamente na negligencia do tratamento correto.

“Os sintomas são polimórficos por isso que também é denominada ‘Doença das mil faces’. As informações sobre os antecedentes epidemiológicos do paciente podem nos auxiliar na suspeita diagnóstica, mas nem sempre isso ocorre, principalmente, porque hoje desconhecemos a procedência de muitos alimentos que consumimos entre eles a carne, o leite e os seus derivados”, explica o médico.

Ele aponta ainda que a brucela – bactéria atribuída ao agente da febre de Malta causadora da brucelose e da febre mediterrânea – é uma bactéria que oferece grande risco de infecção. Além disso, outra dificuldade abordada é a falta de testes laboratoriais imunológicos que confirmem o diagnostico preciso da doença.

Estão entre os grupos de risco os tratadores e veterinários que podem contrair a doença durante a manipulação de restos placentários, fluidos fetais e carcaças de animais que podem estar infectados e manuseio da vacina B19.

Magarefes, trabalhadores de laticínios e donas de casa, também podem contrair a brucelose durante o contato com a carne ou com o leite contaminado. Não podemos esquecer ainda dos laboratoristas. Nesse caso a doença pode ser transmitida durante a produção de vacinas e antígenos.

Vale destacar que no caso do contagio no homem, o quadro mais grave da doença se dá pela Brucella melitensis que tem como sintomas: febre, sudorese noturna, dores musculares e articulares. É importante procurar o médico ao sinal dos primeiros sintomas, pois muitas vezes pode ser confundida com uma gripe comum. Caso não seja tratada a tempo, pode ocorrer agravamento mas pode, em alguns casos, evoluir para complicações como tromboflebite, espondilite e artrite periférica.

A brucelose humana pode ainda ser confundida com a tuberculose devido aos sintomas serem parecidos. Como o tratamento da tuberculose é longo, a doença real acaba sendo tratada.

Brucelose Humana – dados da OMS

A Organização Mundial da Saúde (OMS) confirmou que a brucelose humana pode ser cinco ou mais vezes superior aos números oficiais divulgados. O dado chama a atenção e a orientação dos infectologistas é a prevenção.

Alguns países estão livres totalmente da brucelose, mas a OMS alerta que a brucelose humana continua sendo uma doença perigosa e ainda encontrada em muitas partes do mundo, especialmente Mediterrâneo, países da Europa, norte e leste da África, Oriente Médio, Sul da Ásia e Ásia Central, América Central e do Sul, onde muitas vezes não é reconhecida e relatada. Vale alertar aos turistas que estão em viagens por estes países para tomarem cuidado com o consumo de produtos exóticos. Este tipo de alimento pode apresentar contaminações e a sua importação também traz riscos que contribui para a proliferação da brucelose humana.

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