Cruzamento Industrial: Quando e como usar?

Cruzamento industrial surgiu com a proposta de atender a necessidade do aumento da produtividade de leite e de carne a nível mundial. O assunto, de destaque em várias pesquisas dentro do melhoramento genético, contribui para a implantação de processos com resultados extremamente positivos garantindo a eficiência e exigência do novo momento que o mercado vive.

Mas afinal, qual a melhor raça? Qual o melhor processo? Quais são os benefícios de se aderir ao cruzamento industrial?

De acordo com o técnico especialista em pecuária de corte, Pedro Franklin Barbosa, da Embrapa Pecuária Sudeste de São Carlos/SP, para se obter uma boa produtividade de carne deve-se levar em consideração a junção de vários fatores como os recursos genéticos (G = raças, tipos, etc.), dos recursos ambientais (E = solo, clima, etc.) e das práticas de manejo (M) adotadas.

“Há várias maneiras de se combinar os elementos dos dois grupos de recursos e as práticas de manejo, o que resulta em um grande número de possíveis sistemas de produção. Em geral, os sistemas de produção mais eficientes são aqueles que otimizam os recursos genéticos, os recursos ambientais, as interações entre eles e as práticas de manejo, em cada um dos três componentes principais do ciclo de produção da carne bovina”, destaca Franklin.

Esses resultados garantem o aumento da reprodução (aumento em número), produção (aumento em tamanho) e produto (aumento na qualidade).

Em especifico sobre o cruzamento industrial, o pesquisador da Embrapa mostrou que essa ferramenta é utilizada para garantir bons resultados de produtividade. Para se ter uma ideia, comprovadamente, existem cerca de mil raças de bovinos em todo o mundo e, dessas, 250 apresentam boas características para o cruzamento industrial. No país, mais de 60 raças de bovinos podem ser exploradas para a produção comercial de carne.

“ As diferenças entre as raças são quanto às características morfológicas, fisiológicas e zootécnicas que podem ser atribuídas às diferentes pressões de seleção, às quais elas foram submetidas durante o processo seletivo. Essa diversidade genética pode ser utilizada de três maneiras: criação ou introdução da chamada “raça pura” melhor adaptada ao sistema de produção; formação de novas raças, caso não exista uma “raça pura” que melhor se adapte ao sistema de produção; e a utilização de cruzamentos entre raças, que é uma forma de aproveitamento da· diversidade genética de maneira permanente e contínua, sem a preocupação de se obter uma nova raça ou introduzir uma “raça pura” no sistema de produção”, apresentou.

Franklin abordou ainda que entre as razões para a utilização de cruzamentos estão: “ aproveitamento dos efeitos da heterose ou vigor híbrido para uma determinada característica; utilização das diferenças genéticas existentes entre raças para determinada característica; aproveitamento dos efeitos favoráveis da combinação de duas ou mais características nos animais cruzados (complementaridade); servir como base para a formação de novas raças; e dar maior flexibilidade aos sistemas de produção”.

Segundo ele, sistemas de cruzamento, seja ele rotacionado (onde são usadas somente duas raças, segurando as fêmeas para reprodução, sendo elas acasaladas com animais da raça da mãe ou do pai chamado de retrocruzamento; Terminal (onde é utilizada o cruzamento de duas raças onde todos os filhos serão destinados ao abate); e ainda o Rotacionado-terminal (duas raças são usadas para produzir o F1 e depois, cruzam-se as fêmeas F1 com uma terceira raça e a partir daí seus filhos – machos e fêmeas, serão destinados ao abate) exploram as razões de natureza genética em graus diferenciados.

“Todos eles tem o potencial de tornar os sistemas de produção mais flexíveis, principalmente quanto aos tipos de produto requeridos pelo mercado, em prazos relativamente curtos. Sob o ponto de vista estratégico, essa vantagem talvez seja mais importante do que as outras; isso implica na escolha dos recursos genéticos adequados.

Red Angus é resultado de cruzamento Industrial
Red Angus Foto: Reprodução Internet

Cruzamento Industrial – histórico

O Brasil já é considerado o maior exportador de carne bovina em todo o mundo e os avanços tecnológicos da pecuária são responsáveis por esse recorde. Para isso é necessário atender as exigências impostas pelos compradores como frigoríficos e pecuaristas que buscam a excelência na qualidade do produto final que é exigida pelo consumidor final, que somos nós!

As boas condições de manejo, as características de eficiência reprodutiva, a precocidade do animal, a sua capacidade de conversão alimentar e a velocidade de ganho de peso estão entre as principais características para se obter um animal rentável e com qualidades invejáveis. Daí a importância do cruzamento industrial.

De acordo com os especialistas, entre os bovinos, o cruzamento industrial mais solicitado está entre zebuínos e taurinos que resulta em animais de maior resistência, peso e qualidade do produto final que é a carne.

Vantagens do cruzamento industrial

  • Maior fertilidade;
  • Abate até um ano antes;
  • Aumento da eficiência produtiva;
  • Ganhos com a heterose (vigor híbrido);
  • Maior habilidade materna;
  • Aceleração no ganho de peso;
  • Precocidade sexual;
  • Maior rentabilidade para o produtor.
Cruzamento Industrial
Nelore Crédito foto: Carlos Lopes

Qual a melhor raça para o cruzamento industrial?

Será que existe uma raça bovina superior a outra capaz de produzir animais de melhor qualidade? Segundo Cristiano Leal, gerente de produto Corte Europeu da CRV Lagoa, a resposta é sim!

Ele aponta que inicialmente deve-se conhecer a realidade da propriedade que está sendo trabalhada o cruzamento industrial e essa ferramenta será eficiente para a propriedade e para a região que está sendo inserida e para o sistema de produção que já é trabalhada nessa propriedade.

“Dessa forma poderemos definir qual a melhor raça deveremos trabalhar nessa fazenda. Não existe receita de bolo. Não é possível definir qual a melhor raça, ou raça única, para trabalhar o cruzamento industrial. Todas as raças são muito eficientes e cada uma tem a sua peculiaridade”, explica Leal.

Confira algumas dicas do gerente para se obter um bom cruzamento industrial

  • Qual a região está inserida a propriedade a ser aderida o cruzamento industrial? Diante dessa realidade os técnicos responsáveis saberão qual a melhor raça a ser utilizada para se obter melhores resultados e com isso animais de alta rentabilidade e qualidade.
  • Qual é o sistema de produção da fazenda? Dessa forma será possível  definir qual a melhor raça. Nesse caso será avaliado qual o sistema se é extensivo, semi-extensivo e será  avaliada qual a melhor raça se é de menor porte, maior porte, precocidade – como exemplo as raças britânicas.

“Se eu estou numa fazenda aonde eu trabalho com o sistema intensivo, tenho confinamento, numa região produtora de grãos onde é possível inserir uma dieta mais barata poderei trabalhar com raças continentais como exemplo o Charolês, Simental, mas também poderei trabalhar com raças britânicas como o Angus e o Heroford, que são  de menor porte”, esclarece.

Cristiano completa ainda “não existe uma raça ideal. A nossa dica é: identificar qual o sistema de produção você trabalha, qual a região está inserida a propriedade e dentro da sua realidade buscar as principais características para atender o seu negócio para atingir melhor eficiência para a produção de carne”, finaliza.

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Fotos/Crédito: Carlos Lopes

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