Ovelhas de corte: Qual raça escolher

A criação de ovelhas de corte no País vem sendo considerada um mercado em amplo crescimento. Seu manejo simples em comparação a outras raças é um dos pontos de maior destaque. Sua diversidade de produção também chama a atenção e sai à frente de outras culturas. Quase tudo na ovelha é comercializado: lã, carne, leite, enfim, um animal de custo de produção barato e com diversos tipo de retorno financeiro.

Em uma entrevista concedida para o site SF Agro, o pesquisador Octávio Morais, do departamento de melhoramento genético da Embrapa Ovinos e Caprinos, disse que o consumo brasileiro da carne de ovinos ainda é modesto. No Brasil, são consumidos uma média de 700 gramas a 1 quilo por pessoa ao ano.

Quer saber mais sobre o cenário da Ovinocultura no País? Leia: Criação de ovinos é um atrativo a mais para a pecuária nacional.

O mais animador, de acordo com o pesquisador, é que o mercado é promissor e tem previsão de crescimento em um curto espaço de tempo. “Os ovinos dão retorno muito rápido e são muito eficientes tanto em produção por área, quanto na adaptação a ambientes impróprios para a agricultura”, disse o pesquisador.

Criação de ovelhas de corte – conheça as principais raças:

No Brasil e no mundo existe uma infinidade de opções de raças ovinas destinadas ao corte. Pesquisadores Científicos do Instituto de Zootecnia de Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios – APTA, listaram algumas das principais raças ovinas para corte.

A publicação é assinada pelos pesquisadores: Mauro Sartori Bueno, Eduardo Antonio da Cunha, Luiz Eduardo dos Santos e Cecília José Veríssimo.

RAÇA SUFFOLK

É originária dos condados de Suffolk, Norfolk e Cambridge, obtidas através dos cruzamentos de ovelhas Norfolk com carneiros Southdown, que resultou em animais de boa qualidade de carne, pernas curtas e compactos, posteriormente através de melhoramento genético no Canadá e Estados Unidos, aumentou-se a altura e comprimento desses animais com grande influência nas criações brasileiras, dessa maneira os animais Suffolk hoje apresentam boa altura, comprimento e conformação de carcaça.

É um ovino de grande desenvolvimento corporal, de constituição robusta e de conformação para produção de carne, ideal para corte. Seu corpo é comprido e musculoso com extremidades desprovidas de lã e revestidas de pelos negros e brilhantes.

Sua característica é mocha em ambos os sexos, grande e completamente livre de lã. Seu corpo apresenta anca larga e comprida, muito bem coberta de músculos. Suas paletas são largas, carnudas e bem afastadas, dando origem a cruzes também largas e carnudas. Dentre suas aptidões estão grande capacidade de adaptação a diferentes climas. Suas fêmeas apresentam parto fácil, principalmente por causa do formato longo e estreito da cabeça dos cordeiros.

Os animais na fase adulta apresentam grandes ganhos de peso que variam entre 250 até 600 gramas ao dia e com rendimento de carcaça de 45 a 48%, de boa conformação e boa cobertura de gordura. Já os cordeiros nascem inteiramente pretos e vão branqueando até os 4 a 5 meses de idade. Já o peso dos machos adultos atinge e ultrapassa os 180 Kg e das fêmeas os 90 kg.

 RAÇA ILE DE FRANCE

Originária da França (por isso o nome dado a raça) foi introduzida no Sul do Brasil em 1973, por isso, é considerada nova no País. É considerada uma raça de dupla aptidão por apresentar um equilíbrio zootécnico, sendo 60% para a produção de carne e 40% para a produção de lã. Vale ressaltar que a raça é considerada excelente para produção de carne, também se encaixando perfeitamente na criação de ovelhas de corte.

A raça é mocha e sua lã cobre a cabeça até um pouco acima da linha dos olhos. Essa raça é capaz de produzir uma carcaça pesada e de muita qualidade, além de ser muito precoce. Os cordeiros têm muito bom ganho de peso. A comprovação é que aos 60 dias já pesam em torno de 20 a 23kg. Dos 10 aos 30 dias de idade tem ganho de peso diário médio de 242g e dos 30 aos 70 dias têm ganho diário médio de 287g. O peso das ovelhas varia de 80kg a 120 kg e dos carneiros de 110 a 160kg. Muito prolífera chega a atingir médias de nascimentos de 160%, produzindo cordeiros em diferentes épocas do ano.

Leia nossa matéria exclusiva sobre a raça Ile de France aqui.

RACA TEXEL

Originária da Holanda é a menor das raças de ovelhas de corte. Sua importação é recente e ocorreu em 1992. Sempre se mostrou produtiva e no Brasil é muito utilizada nos cruzamentos industriais pela sua precocidade. Considerado de tamanho médio a grande, é muito compacto, com massas musculares volumosas e arredondadas, constituição robusta, evidenciando vigor, vivacidade e uma aptidão predominantemente para produção de carne. Atualmente, é considerada uma raça de carne e lã. Consegue produzir uma carcaça de ótima qualidade e peso considerável.

Entre suas aptidões está sua rusticidade e excelente produção nos sistemas extensivo e semi-intensivo. Além disso, produz uma ótima carcaça, com gordura muito reduzida.

Sua precocidade, em condições de pastagens, entre os 30 e 90 dias de idade, os cordeiros machos tem ganhos de peso médio diário de 300g e as fêmeas de 275 gramas. Aos 70 dias de idade os machos bem formados atingem 27kg e as fêmeas 23kg. Já os carneiros atingem pesos de 110 a 120kg e as fêmeas adultas 80 a 90 kg.

RAÇA HAMPSHIRE DOWN

Raça originária da Inglaterra é muito difundida em quase todos os países da Europa e da América. Devido às suas características, hoje é uma das raças mais indicadas para os cruzamentos industriais, sendo ótima opção como ovelha de corte.

O ovino apresenta tamanho grande, conformação harmoniosa e constituição robusta, compacto e musculoso, evidenciando, à primeira vista, grande definição racial e sua especialização como produtor de carne, um animal que denota vivacidade, agilidade e desembaraço. Além disso, a raça é especializada na produção de carne, com carcaça de boa qualidade e de boa capacidade de adaptação aos diferentes meios e regimes de criação.

Precoce, os cordeiros quando bem alimentados atingem 35 Kg de peso vivo aos 3 ou 4 meses, com rendimentos de carcaça de 45 a 50% com pesos de 14 a 18 Kg. Já as fêmeas são prolíferas, atingindo índices de nascimento de 140%.

RACA POLL DORSET

De origem da Nova Zelândia é reconhecida como raça desde 1950 e foi inserido nos programas de melhoramento genético devido ao intercâmbio de reprodutores de alto nível zootécnico entre a Nova Zelândia e Austrália.

De tamanho médio, a raça apresenta tamanho médio e constituição robusta e uma aptidão predominante para produção de carne. É considerada uma raça de carne e lã, por ter uma carcaça de ótima qualidade e peso.

A raça é rústica e aceita bem o sistema extensivo e semi-intensivo. Além do mais produz uma ótima carcaça, com gordura muito reduzida. É uma opção interessante para rebanhos de ovelhas de corte.

Precoce e em condições de pastagens, os cordeiros tem preso médio diário de 300 gramas e as fêmeas de 275 gramas. Aos 70 dias de idade machos bem formados atingem 27kg e as fêmeas 23kg. Os carneiros atingem pesos de 110 a 120kg e as fêmeas adultas 80 a 90 kg, já tendo ultrapassado tais pesos.

RAÇA SANTA INÊS

Essa raça, provavelmente originária do cruzamento de carneiros da raça Bergamácia com ovelhas crioulas e Morada Nova, tendo sido selecionada, no nordeste brasileiro, pelo maior porte e ausência de lã. Devido seu comportamento no pastejo, semelhante ao do caprino, aceitando o pastejo em vegetação arbustiva adaptou-se muito bem àquela região como opção de ovelha de corte.

RAÇA MORADA NOVA

Nativa do Nordeste brasileiro, no vale do Rio Jaguaribe, Ceará, a raça é originária dos carneiros Bordaleiros Churros, de Portugal. Cruzados com ovinos deslanados africanos, adaptou-se muito bem na região da caatinga, quente e seco, visto o seu pequeno porte, ausência de lã e hábitos alimentares. Os animais são mochos, de pelagem vermelha ou branca.

Os machos adultos chegam a pesar entre 40 a 60 kg e as fêmeas adultas 30 a 50 kg. Excelente produtor de carne e peles de alta qualidade; ovelhas muito produtiva e rústica, se adaptam às regiões mais áridas.

Aposte na criação de ovelhas de corte

A criação de ovelhas de corte pode ser uma alternativa muito viável de lucro para quem está pensando em agregar mais um negócio a sua propriedade. Ovelhas são animais de pouca exigência alimentar, não necessitam de grandes espaços e fácil manejo.

Um dos maiores desafios na criação de ovelhas de corte é o controle de verminoses. Fique por dentro do assunto em nossa matéria sobre assunto. Leia aqui.

Leia mais sobre o assunto, quem sabe seja uma ótima opção investir na criação de ovelhas de corte!

Nossos entrevistados

Conheça um pouco dos pesquisadores:

Mauro Sartori Bueno, Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios – APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – SAA, Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil; Mestrado em Zootecnia. Universidade Federal do Rio Grande do Sul, UFRGS, Brasil. ; Doutorado em Ciências (Energia Nuclear na Agricultura)-[Cena]. Universidade de São Paulo, USP, Brasil. Pós-Doutorado, Escola Superior Agrária de Bragança Instituto Politécnico de Bragança, ESAB-IPB, Portugal.
Contato: msbueno@iz.sp.gov.br

Eduardo Antonio da Cunha; Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios – APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – SAA, Graduação em Zootecnia. Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Contato: cunha@iz.sp.gov.br

Luiz Eduardo dos Santos; Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios – APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – SAA, Graduação em Engenharia Agronômica. Universidade de São Paulo, USP, Brasil; Mestrado em Nutrição Animal – Universidade de São Paulo, USP, Brasil.
Contato: cunha@iz.sp.gov.br

Cecília José Veríssimo, Pesquisador Científico do Instituto de Zootecnia, Nova Odessa (SP), da Agência de Pesquisa Tecnológica dos Agronegócios – APTA, Secretaria de Agricultura e Abastecimento do Estado de São Paulo – SAA, Graduação em Medicina Veterinária. Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Brasil.Especialização em Curso de Especialização em Zootecnia (Ruminantes).
Universidade Federal Rural do Rio de Janeiro, UFRRJ, Brasil. Mestrado em Zootecnia.
Universidade Estadual Paulista Júlio de Mesquita Filho, UNESP, Brasil.
Contato: cjverissimo@iz.sp.gov.br

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