Confinamento de bovinos: o que você deve saber para ter um

A terminação em confinamento de bovinos se tornou uma boa saída para quem quer lucrar mais no final da engorda. Além disso, essa é uma maneira de ter bois prontos quando os preços da carne estão melhores, como no pico da entressafra.

O confinamento também está relacionado ao acabamento e à qualidade da carcaça que será vendida, que garante valores melhores no momento da venda.

Dados da Embrapa apontam que o Brasil já possui 3,6 milhões de cabeças confinadas e que 10% dos animais abatidos hoje venham desse sistema.

Está pensando em implantar o confinamento na sua propriedade? Essa é uma técnica que pode ser utilizada tanto pelo pequeno quanto pelo grande produtor. O importante é ter planejamento e sempre ter na ponta do lápis os números do negócio.

Por isso, trazemos algumas dicas sobre o que você deve saber para começar um confinamento de bovinos de corte e garantir o melhor desempenho do seu negócio.

Instalações para o confinamento de bovinos

O primeiro passo na hora de pensar nas suas instalações para os animais é estabelecer uma área mínima para cada animal. O recomendado é que se tenha 15 metros quadrados por cabeça, no mínimo.

Escolha um local bem drenado para os cochos, sem acúmulo de lama. Se for necessário, é possível cimentar a área do cocho, embora isso eleve o custo de produção. Se for um local de muita chuva, também é possível fazer uma cobertura no cocho e evitar perdas de ração. Calcule se esse investimento é realmente necessário.

Em seguida, dimensione os cochos. Lembrando que, no confinamento, a dieta é ainda mais importante. Além de custar caro, é ela que vai garantir os resultados na terminação. Deixe 50 centímetros de cocho para cada animal.

Os cochos são especializados para confinamento e podem ser em U ou em J, quando feitos de concreto. Também existe a possibilidade de se utilizar cochos de plástico.

Água é fundamental. Tenha sempre 100 litros de água por animal e reserva suficiente para três dias.

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Foto: Embrapa/Guilherme Viana

Selecione os animais corretos

No Brasil, as terminações em confinamento são de curta duração, entre 70 e 100 dias. É recomendado que sejam confinados os machos entre 350kg e 400kg, para o abate de bois com média de 16 arrobas.

Na hora de escolher os animais, observe o desempenho deles a pasto. Existe sempre aqueles animais que apresentam alto, médio e baixo desempenho.

O gado de rendimento elevado a pasto costuma apresentar desempenho suficiente para chegar ao peso de abate na idade desejada. Portanto, colocá-lo em confinamento não trará mais lucros.

Por outro lado, os bovinos de desempenho muito inferior também não chegarão ao peso de abate nem a pasto nem em confinamento. Por isso, é mais vantajoso economicamente mantê-los no pasto.

Depois de selecionar os animais mais adequados, separe-os em lotes, usando critérios de semelhança. O lote ideal é formado por animais do mesmo sexo, com pesos similares, tamanhos equivalentes e grau de terminação parecidos.

Também é importante colocar os animais dominadores juntos, deixando os mais submissos em outro lote, para que não atrapalhem a alimentação uns dos outros.

Isso permitirá que você tenha lotes prontos para o abate na mesma data, o que facilita toda a logística até o frigorífico.

Manejo sanitário

Embora seja uma técnica excelente para melhorar a qualidade da carcaça e a precocidade, o confinamento de bovinos tem como ponto negativo a formação de um ambiente propício para a propagação de doenças entre os animais.

Para evitar problemas e prejuízos, não se esqueça de vermifugar e de investir em tratamentos sanitários no início do confinamento.

Veja nossas opções em vermifugação.

Moscas também são um problema e tanto para os confinadores. Busque soluções para combate já no início do período de confinamento. Consulte aqui algumas opções de mosquicidas.

Qual a dieta ideal?

As dietas para bovinos confinados não são como uma receita de bolo. Não vale copiar dica da internet ou do seu vizinho, pois os animais têm particularidades próprias e nem sempre o resultado sairá como esperado.

Existem vários tipos de dieta que podem ser aplicados, como a de ganho máximo com os alimentos disponíveis ou de menor custo de matéria seca.

Muitos produtores gostam de utilizar ingredientes ricos em fibra e com custo menor que garantem o mínimo de ruminação. Entre eles, a Embrapa lista:

– casca de algodão

– tamponantes (bicarbonato de sódio, carbonato de cálcio, óxido de magnésio, bentonita, sesquicarbonato de sódio, entre outros)

– maior parte da dieta com milho grão inteiro

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Foto: Embrapa/Guilherme Viana

É hora de vender os animais!

Manter os animais por tempo extra no confinamento de bovinos traz prejuízos para o criador, uma vez que a taxa de conversão (proporção em que converte alimento em peso) deixa de ser preponderante. Significa que o animal come muito e produz pouco.

Outro problema é mudar a dieta do animal quando se está aguardando a melhora dos preços no mercado. Quando o gado está acostumado a comer muito e passa a ter menos energia disponíveis, ao invés de manter o peso, ele irá emagrecer, diminuindo seu valor no abate.

Para resolver o problema, o pesquisador da Embrapa Gado de Corte Sérgio Raposo de Medeiros dá a dica:

“A venda antecipada pode ser considerada pelo confinador uma possibilidade de vender os animais no mercado futuro ou adiantado ao frigorífico. Uma das vantagens disso seria garantir o suficiente para fechar as contas do confinamento e deixar os bois que sobrarem com uma maior margem para esperar por uma venda mais vantajosa. Importante reforçar aqui o escrito no item anterior que não vale à pena especular com animais muito terminados, ou seja, seria restrito aos animais com menor grau de terminação”.

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