Manejo de bezerros – Boas Práticas

São diversos os questionamentos entorno do manejo de bezerros ao nascimento. Quais seriam os cuidados sanitários corretos antes do parto? Como deve ser o parto e o ambiente ideal para este momento? Os cuidados de higiene, assepsia, primeira mamada, registro de informações… E por ai vai!

No material sobre boas práticas de manejo de bezerros ao nascimento publicado pelo Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA), que foi publicado em parceria com o Grupo ETCO (grupo de Estudos e Pesquisas em Etologia e Ecologia Animal), entidade especializada no estudo e aplicação das práticas de bem-estar animal mostra algumas dicas para a adoção dessas práticas.

Assinado pelos pesquisadores Mateus Paranhos Costa, do departamento de Zootecnica FCAV – Unesp, de Jaboticabal; Anita Schmidek, do APTA – Pólo Regional Alta Mogiana, de Colina/SP e, Luciandra Macedo de Toledo, do Instituto de Zootecnia, também do Apta/SAA, de Nova Odessa/SP; o material aborda as alternativas para obter uma alta eficiência na produção para se tornar uma atividade lucrativa e rentável.
A adoção das boas práticas no manejo de bezerros ao nascimento contribuem para a redução da morbidade, menor custo com medicamentos.

Outro ponto é sobre o estresse que causa queda de imunidade e com isso os bezerros ficam doentes chegando a óbito. Por isso, a prática de manejo deve ser a melhor possível dentro das orientações prescritas pelos especialistas no assunto.

Que tal ler nossa matéria especial: Inseminação de Novilhas – Qual a melhor idade? Clique aqui.

Manejo de bezerros ao nascimento – Cuidados sanitários

Antes do parto, as matrizes devem ser preparadas para essa fase da vida, contando com a cobertura contra doenças reprodutivas, para proteção do feto/bezerro. Utilize protocolos de vacinação com auxílio de um médico veterinário.
O ideal será a realização do exame ginecológico nas matrizes, exames laboratoriais para identificar a presença de doenças como a Brucelose, Leptospirose, Rinotraqueíte Infecciosa Bovina (IBR) e Diarréia Viral Bovina (BVD), entre outras que podem causar o aborto e a infertilidade das vacas.

Leia sobre a Brucelose Bovina em nossa matéria aqui.
O veterinário responsável pelo acompanhamento das matrizes deverá elaborar um calendário de vacinação, isso contribuirá para a redução das perdas fetais. E, ao menor sinal de aborto, é recomendável a coleta de partes do feto e placenta para exame laboratorial, dessa forma, será mais fácil identificar o microorganismo causador da mortalidade dos fetos.

Manejo de bezerros ao nascimento – Partos

De acordo com o manejo de bezerros ao nascimento, as vacas comumente ficam inquietas antes do parto e param de comer e acabam se afastando do rebanho para que possam parir.
Durante um período de 4 a 24 horas, elas ficam andando em círculos, se deitam e levantam e ficam com as costas arqueadas.
Seguindo as boas práticas de manejo, com a ruptura da bolsa a vaca permanece no local onde estourou a bolsa e lambe o fluido amniótico. Vacas muito gordas ou o contrário, muito magras, podem apresentar problemas na hora do parto como contrações mais fracas e falta de energia no momento da expulsão do feto.
Na maioria das vezes, as vacas acabam parindo facilmente. De acordo com o MAPA, partos com as vacas em pé resultaram em maior taxa de mortalidade de bezerros (16,1%) em relação às que pariram deitadas, que ficou entre 4,2%.
“O fato de a vaca parir em pé pode estar relacionado às causas ambientais (presença de cães ou urubus no pasto), à dificuldade de parto (bezerro fraco, muito grande, condição corporal não adequada da vaca) e à inexperiência no caso de novilhas”, descreve o material.

Manejo de bezerros ao nascimento – Tempo de parto

Um parto normal pode durar entre 30 minutos até 4 horas. Já a expulsão da placenta entre 4 a 5 horas após o parto. Porém, não pode ultrapassar 24 horas – indicado para a retenção da placenta, que geralmente é ingerido pelo animal.

Manejo de bezerros ao nascimento – Mamada

O ideal é que o bezerro mame pela primeira vez em até 3 horas depois de nascer. No caso de novilhas esse tempo pode ser maior por serem mais sensíveis ao estresse do parto e inexperientes no cuidado com os seus bezerros. Por isso, acabam apresentando movimentos que dificultam o acesso dos bezerros ao úbere ou agridem os bezerros com coices e cabeçadas. Comportamentos como este ocorrem, frequentemente, logo após as primeiras horas após o parto, diminuindo ou até cessando à medida que as novilhas se acostumam com os bezerros.

Manejo de bezerros ao nascimento – ambiente ideal para o parto

As vacas devem ficar em pastos exclusivos nesta fase para facilitar a implementação de uma rotina de acompanhamento dos partos e do manejo das vacas e dos bezerros ao nascerem.
O manejo de vacas prenhes – especialmente ao final da gestação – deve ocorrer apenas quando for realmente necessário. Nestes casos, o manejo deve ser muito calmo, conduzindo as vacas sempre ao passo, evitando aglomerações (no curral, remanga ou corredor), agressões e uso de choque.
Seguindo as orientações, os animais deverão ficar em um pasto que ofereça sombra, água e alimento à vontade, longe da movimentação da fazenda como currais, casas de funcionários e estradas, deixando a vaca tranquila no momento do parto.
Manejo de bezerros ao nascimento – rotinas de visitas ao pasto

As visitas devem ser realizadas pelo menos duas vezes por dia permitindo o acompanhamento das vacas em trabalho de parto e diagnosticar os problemas comumente encontrados durante o nascimento.
Nestas visitas é possível identificar problemas com as vacas em trabalho de parto e com os bezerros recém-nascidos:
– dificuldades de parto;
– baixa habilidade materna;
– baixo vigor do bezerro;
– falhas na primeira mamada;
– trocas de bezerros;
– condições climáticas severas, extremos de temperatura e umidade;
– condições desfavoráveis no local do parto (buracos, lama, etc).


Recomendações para ajudar a vaca a parir:

– Conter a vaca com segurança, protegendo sua cabeça e outras partes do corpo que ficam em contato direto com o chão;
– Utilizar luvas descartáveis, que protegem todo o braço (luva de inseminação);
– Lavar bem a região do ânus e vulva com água e sabão. Podem ser utilizadas soluções desinfetantes (iodo, cloro, etc.);
– Não introduzir materiais cortantes dentro do útero da vaca;
– Caso seja necessário amarrar os membros do bezerro para auxiliar a retirada, utilize para esse fim material limpo e desinfetado;
– A retirada do bezerro deve ser feita com cautela e segurança. Não utilize força demasiada;
– Após a retirada do bezerro, observe se o mesmo consegue respirar normalmente e se necessário, retire as secreções placentárias da sua boca e narinas e faça movimentos cadenciados com as duas mãos comprimindo seu tórax;
– Deixe o bezerro e a mãe sozinhos, mas fique por perto para observar se a vaca consegue se levantar e se o bezerro consegue mamar.

Bônus: manejo de bezerros recém-nascidos passo a passo

1. Vistorie o local da maternidade antes do início das parições, tape buracos e assegure-se de que cercas e bebedouros estejam em ordem;
2. Providencie os equipamentos e materiais que serão utilizados na identificação e no cuidado com os bezerros (medicamentos, tatuador, pasta para tatuagem, aplicador de brincos, brincos, tesoura, pinça, agulhas, balança, etc.);
3. Separe as vacas em final de gestação, levando-as aos pastos maternidade um mês antes da data provável do parto;
4. O ideal é deixar as novilhas em um pasto, separadas das demais matrizes;
5. Defina quem será o responsável pelo acompanhamento dos partos, o materneiro;
6. Visite o pasto maternidade pelo menos duas vezes ao dia (pela manhã e pela tarde);
7. Leve sempre uma caderneta para anotações de campo e lápis ou caneta;
8. Esteja atento às dificuldades de parto, rejeição da cria e bezerro fraco, registre o fato e comunique o administrador ou o veterinário para que sejam tomadas as providências necessárias;
9. Registre na caderneta qualquer problema ocorrido (frio, chuva, ataque de urubus, troca de piquetes, etc.);
10. Não maneje bezerros recém-nascidos, faça-o de preferência após 6 horas do nascimento. Quando for detectado algum problema aja imediatamente;
11. Contenha o bezerro segurando-o pela virilha e pescoço. Não jogue o bezerro no chão! Levante-o um pouco e apóie-o na perna fazendo-o escorregar até o solo;
12. Cuide do cordão umbilical.

13. Identifique o bezerro, preferencialmente com uso de tatuagem;
14. Pese o bezerro sempre que possível;
15. Observe se o bezerro ingeriu o colostro e em caso negativo, ajude-o a mamar. Anote na caderneta as prováveis causas (tetos e úbere grandes, bezerro fraco, rejeição materna). Estes animais devem ser ajudados até que consigam mamar por conta própria;
16. Mantenha a rotina de visitas diárias, ou com a maior frequência possível, para diagnosticar qualquer problema como bezerros fracos, apartados, com diarréia, etc.

A atividade de cria na pecuária é muito interessante! Se bem manejada traz ótimos resultados!

Para mais informações consulte o “Manual de Boas Práticas de Manejo – Identificação” disponível no fim de nossa matéria..

*Texto com informações do MAPA.

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