Mais carne por hectare: o segredo é o solo

A bovinocultura, sem dúvida nenhuma, vem se mantendo na liderança dos setores que mais cresce e aquece a economia do país. E o segredo de ter mais carne por hectare começa ainda no solo.

O setor do agronegócio, em geral, representa quase mais de 20% do Produto Interno Bruno (PIB) e cresce a cada ano, mesmo diante da grave crise enfrentada pelo Brasil. Por isso, é notório o crescimento do segmento e a produção de mais carne por hectare.

Mas, para se ter mais carne por hectare e manter as “rédeas” firmes, a bovinocultura precisa manter o preço e a qualidade e isso não depende apenas do valor final comercializado. O processo de rentabilidade do rebanho e consequentemente, econômico, depende do preparo do solo. O que não é nada fácil para os pecuaristas que enfrentam enormes dificuldades.

Segundo o pesquisador professor doutor da Esalq/USP, Sérgio de Zen, responsável por diversas pesquisas do setor diz que mesmo diante das inúmeras instabilidades politicas e econômicas vivencias pela população, os pecuaristas procuraram ativos reais como forma de driblar e garantir o valor real dos seus patrimônios.

“Atualmente, é notória a relevância da bovinocultura de corte nas economias brasileira e mundial. Os levantamentos do Cepea indicam que, em 2016, a cadeia produtiva da carne bovina respondeu por 13,6% do PIB do agronegócio brasileiro que, por sua vez, representa cerca de 20% do PIB nacional. Ressalta-se que, dos produtos da cadeia, 45% foram gerados na produção primária”, destaca Zen.

Mais carne por hectare: crescimento

A quantidade de cabeças de gado por hectare é um assunto muito complexo quando não são adotadas as medidas necessárias para alavancar a produtividade do rebanho.  A quantidade varia de acordo com a estratégia de alimentação e qual terminação deve ser adotada pelo pecuarista, se será o confinamento, o semiconfinamento ou a pasto.

O gráfico abaixo mostra a evolução da produção de gado de corte no Brasil desde 1950 a 2006, comprovando o alto rendimento da produtividade brasileira com o passar dos anos.

Mas afinal de contas, quantas cabeças de gado podem caber em um hectare de área?

A pergunta foi tema de uma reportagem especial feita pelo canal Giro do Boi atendendo ao questionamento de um teslespectador.  O zootecnista Murilo Trettel, assistente Técnico da empresa DSM Tortuga respondeu a pergunta. Segundo ele, tudo dependerá da qualidade e da disponibilidade de alimentação dada aos animais.

“Vai depender muito da disponibilidade e qualidade do capim e do nível de suplementação que ele vai escolher trabalhar. Geralmente considera-se um semiconfinamento (quando há consumo de concentrado) acima de 0,7% do peso vivo. Deste nível para cima é semiconfinamento porque a gente começa a ter substituição do capim pelo concentrado. Abaixo disto, a gente considera suplementação com proteico energético porque tem aumento de consumo de capim proveniente deste concentrado que estamos dando […]. A melhor forma de determinar isto é uma visita técnica para checar o estoque de massa de onde este gado vai ficar”, afirmou o zootecnista.

Mais carne por hectare: Pastagem

Gado bom é aquele que come bem? A resposta é clara e concisa: Sim! E, a qualidade das pastagens são as grandes responsáveis.

De acordo informações divulgadas pela Esalq – USP, antes de se pensar em formar um pasto farto e que seja do agrado do gado, deve-se seguir algumas regras básicas.

O primeiro passo é a preparação do solo isso garantirá a produção de mais carne por hectare. Outra escolha a ser feita com muito critério é a escolha da semeadura da forrageira e depois, o pastejo. De acordo com informações do zootecnista da Embrapa Gado de Corte, Haroldo Queiroz, a escolha da forrageira é extremamente importante.

“Algumas situações levam ao estabelecimento do pasto como: abertura de áreas novas, áreas de integração lavoura-pecuária, substituição de espécies e recuperação de áreas degradadas”, destaca.

Outro ponto a ser levado em consideração, é a escolha das forrageiras que terão o poder de produzir muitas folhas e colmos – tipo de caule comumente encontrados nas gramíneas como a cana-de-açúcar, do milho, do arroz e do bambu.

Suas folhas são capazes de alimentar e consequentemente engordarão os animais. Entre as espécies de maior apreciação pelos bovinos estão a paiaguás, a piatã e a marandu.

A decumbens, a humidícola e a xaraés também foram destacadas “Esta última, apesar de possuir muitas qualidades, não caíram tanto no paladar dos bovinos. Isso porque seus colmos são mais duros que as outras braquiárias”, destaca a pesquisadora Valéria Pacheco Euclides, da integrante da equipe de pesquisadores da Embrapa Gado de Corte.

Já em relação à família dos panicuns compõe a lista o Mombaça, o Massai, o Zuri e o Tanzânia. Desses, segundo relatório da Embrapa, o capim Tanzânia é mais aceito pelos animais por ser menos fibrosa e apresentar boa proporção de folhas, com altos conteúdos de proteína e digestibilidade, o que garante rentabilidade e ganho de peso para o gado.

“É uma cultivar para solos muito férteis e apresenta alta capacidade de suporte. Outra vantagem do Tanzânia é a facilidade de maneja-la, além de apresentar boa produção de sementes e resistência a cigarrinha-das-pastagens”, descreveu Queiroz.

Confira algumas dicas sobre o preparo do solo e do pastejo:

Semeadura

A semente deve ser de qualidade, saudável, vigorosa e livre de contaminação por impurezas, nematoides e sementes indesejadas, seguindo as recomendações da Embrapa.

O zootecnista Haroldo Queiroz alerta que as sementes devem ser plantadas de três a cinco centímetros de profundidade e dependendo do caso, as sementes podem ser plantadas a lanço, em sulcos ou plantio direto.

Pastejo

O primeiro pastejo deverá ser feito depois de 40 dias. Haroldo mostra que a finalidade desse tempo é para que o seja que seja eliminando o excesso de plantas da área, além de proporcionar uma cobertura de solo mais rápida e antecipando a utilização da forragem. Dessa forma, os animais aproveitarão melhor o alto valor nutritivo do pasto, o que garantirá uma boa produção animal por área, evitando o acamamento da forrageira.

“A área deve receber animais depois de 40 a 75 dias após a germinação da forrageira – assim que a planta atingir 75% da altura superior indicada para o manejo do capim. Só entrar com animais leves para diminuir o arranquio de plantas e evitar a compactação do solo”, orienta o especialista.

Por fim, ele ressalta que para “o sucesso de uma boa formação de pastagens dependerá da escolha certa da espécie forrageira, de uma adequada utilização, de usar sementes de boa qualidade, ser bem semeada e na quantidade certa, o que varia de uma espécie para outra. Tudo isso, e um manejo adequado, assegurará ao produtor retorno econômico e longevidade da pastagem”, pontua.

Rio Grande do Sul

Durante o inverno, as pastagens do Rio Grande do Sul, em especial, sofrem com as baixas temperaturas e as geadas causando uma redução na disponibilidade das pastagens. E também, na sua qualidade, reduzindo ainda a produtividade de mais carne por hectare.

Para suprir essa deficiência alimentar, os pecuaristas dessa região comumente passam a utilizar pastagens temperadas, principalmente as pastagens de aveia preta, aveia branca, capim sudão, milheto e o azevém.

Essas pastagens se tornam uma alternativa viável para a alimentação do rebanho, mantendo priorizando a qualidade e o suprimento que acabam sofrendo um déficit alimentar durante o período do inverno.

Vale lembrar que outra vantagem, é que essas pastagens podem ser utilizadas em rotação com culturas de verão no sistema de integração lavoura-pecuária resultando maior economia nessas áreas.

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Dicas Agrocampo Giordani

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Com informações da Embrapa.

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