Estação de monta – práticas

Estação de monta é sem dúvida uma das épocas mais importantes para quem investe nos rebanhos de gado de corte. A prática da estação de monta foi levantada pela Embrapa Gado de Corte de Campo Grande – MS que fez uma publicação sobre os benefícios desta estação que está entre as tradicionais fases do sistema de produção de gado de corte.

O artigo assinado pelos pesquisadores Antonio do Nascimento Ferreira Rosa, Ériklis Nogueira e Pedro Pereira Camargo Júnior sobre as práticas de estação de monta mostra que em primeiro lugar deve-se levar em consideração que apenas o par formado pela vaca e o bezerro é responsável pelo consumo de cerca de 70% de toda a energia do sistema de produção, o que inclui a fase de abate.  Por isso, justamente a fase de cria acontece à maior proporção de perdas por falhas na reprodução ou mesmo por problemas de mortalidade dos bezerros nascidos.

Para as boas práticas de estação de monta, as vacas que apresentam uma boa adaptabilidade e tamanho compatível para uma boa gestação garantirá nascimentos com excelentes taxas de natalidade, saúde e níveis de fertilidade e habilidade materna consideráveis. Por isso, com as práticas de estação de monta corretas, é possível afirmar que a fertilidade e viabilidade dos produtos são as características mais importantes a serem trabalhadas em qualquer rebanho.

Práticas de estação de monta – o que é?

De acordo com os pesquisadores, a estação de monta é uma técnica de manejo que, embora muito simples, pode proporcionar elevadas taxas de fertilidade das matrizes e de viabilidade das progênies, desde que estabelecida de forma estratégica.

Ela nada mais é que escolher um determinado período do ano e introduzir touros no rebanho para realizarem a monta. Essa fase de estação de monta tem início e fim, sendo comumente utilizada durante 90 a 120 dias, entre os meses de outubro e janeiro. Podendo ser prolongada até o mês de março em algumas regiões.

“Como rotina básica de manejo, tendo em vista o aumento da produtividade do rebanho, esta técnica pode proporcionar aumento da margem bruta de até 31% de modo que no contexto dos sistemas de cria dificilmente se terá disponível uma tecnologia que, sem a necessidade de qualquer investimento para a sua aplicação, seja capaz de promover tal impacto”, descreveram os pesquisadores na pesquisa publicada.

Acesse também a reportagem especial sobre como criar gado de corte

Práticas para estação de monta: Vantagens

A Embrapa apresentou que o manejo reprodutivo mais simples é aquele em que o touro convive com as matrizes durante o ano todo. Diante disso, os nascimentos se distribuem ao longo do ano, dificultando o manejo das matrizes e das respectivas crias.

A implantação de uma estação de monta passa a ser considerada quando se estabelece um período restrito adequado para a reprodução e isso contribuirá para o aumento da taxa de prenhez pelo trabalho com matrizes de melhores condições corporais, proporcionando-se também descanso aos reprodutores. A concentração de nascimentos é facilitado, mas deve-se levar em consideração os cuidados com os bezerros ao nascimento, passando pelas práticas de vacinações, aplicação de vermífugo, desmama, marcação, recria, castração, engorda e planejamento da comercialização, com a formação de lotes mais homogêneos.

Em plantéis de seleção, a estação de monta proporciona a formação de grupos mais robustos e com condições mais uniformes o que contribuem para a precisão dos valores genéticos dos animais

Práticas de estação de monta – de outubro a março

Os pesquisadores da Embrapa mostram que a estação de monta, que vai de outubro a março, apresenta algumas vantagens. Entre essas:

  1. Por ser uma estação de monta que coincide com o período de boa oferta de pastagem, não há necessidade de reserva de forragem ou trato especial para as vacas, como ocorre para o caso de estações em períodos alternativos;
  2. A maior parte dos nascimentos ocorre no período seco (julho a dezembro), favorecendo a criação de bezerros saudáveis;
  1. A lactação ocorre em boas condições de pastagens, proporcionando às matrizes condição corporal e nutricional adequada para a produção de leite e, consequentemente, desmama dos bezerros com elevados pesos corporais;
  2. A retomada do ciclo reprodutivo no pós-parto é favorecida pela boa condição corporal e nutricional das matrizes;
  3. A desmama dos produtos é feita no início da seca, poupando-se as vacas da amamentação durante esta estação crítica;
  4. O descarte programado de fêmeas após a desmama, para abril a junho, proporciona alívio da pressão de pastejo durante a época seca.

Seleção de matrizes e reprodutores

Para a estação tradicional que vai de outubro a março, com nascimentos de julho a dezembro, a desmama dos bezerros ocorrerá entre abril e junho do ano seguinte. A partir daí, diante de uma nova estação seca, é muito importante que se proporcione às matrizes, que deverão estar prenhes da estação de monta anterior, condições adequadas de alimentação, de modo que venham a parir com boas reservas de energia.

IA e IATF

A inseminação artificial (IA) é uma técnica consagrada que proporciona ao criador e ao produtor comercial de gado de corte a multiplicação de material genético superior, apresentando vantagens como a padronização do rebanho, controle de doenças sexualmente transmissíveis, organização do trabalho na fazenda e a diminuição do custo de reposição de touros, conforme aponta especialistas e pesquisadores do assunto. Lembrando que tanto a inseminação artificial tradicional quanto a Inseminação Artificial em Tempo Fixo (IATF) podem ser aplicadas dentro da estação de monta.

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Doenças associadas à reprodução

Repetição de cios, vacas que saem vazias da estação de monta, perdas embrionárias e abortos estão ligados aos problemas sanitários que interferem na eficiência reprodutiva do rebanho.

Além do mais, inúmeras doenças podem comprometer a eficiência reprodutiva do rebanho como a brucelose, leptospirose, campilobacteriose, tricomonose, rinotraqueíte infecciosa (IBR) e diarreia viral bovina (BVD). Vale destacar que a única doença para a qual a vacinação é obrigatória é a Brucelose. O ideal é o acompanhamento de um profissional para que sejam tomadas as devidas providências para cessar a doença.

Transição entre regimes de estação de monta

A transição entre um regime de monta natural durante todo o ano. Essa prática não é considerada positiva e ainda muito utilizada. Para uma estação de monta definida deve ser feita de forma progressiva, não drástica, para evitar perdas de produtividade.

Importante ressaltar que um rebanho bem nutrido e saudável é o alicerce para uma pecuária eficiente. O controle reprodutivo proporcionado por uma estação de monta adequada possibilita a identificação de animais menos produtivos. A substituição sistemática destes por outros de valor genético e reprodutivo superior assegura ainda mais produtividade, qualidade de produto final e eficiência econômica do sistema de produção.

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