Veja como lucrar mais combatendo a cisticercose bovina

No Brasil, a cisticercose bovina atinge até 5% dos animais abatidos, causando um prejuízo significativo ao produtor. Se forem encontradas larvas vivas durante a inspeção de carcaça, o valor pago pelo animal chega a ser 30% menor.

Com o Decreto 9.013/2017, que regulamenta a quantidade máxima de cisticercos presentes na carcaça, a infecção por cisticercose passou a ser um problema ainda mais grave.

Neste artigo, trazemos informações sobre o que diz a nova regulamentação e entrevistamos a pesquisadora Ana Carolina de Souza Chagas, da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP). No final, temos dicas de medicamentos para combater o cisticerco. Continue acompanhando!

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O que diz a Lei?

Pelas normas brasileiras, as carcaças com infecção intensa por Cysticercus bovis (cisticercose bovina) devem ser condenadas. A infecção intensa é classificada quando são encontrados, pelo menos, oito cistos, vivos ou calcificados, distribuídos da seguinte forma:

  • dois ou mais cistos localizados, simultaneamente, em pelo menos dois locais de eleição examinados na linha de inspeção (músculos da mastigação, língua, coração, diafragma e seus pilares, esôfago e fígado), totalizando pelo menos quatro cistos;
  • quatro ou mais cistos localizados no quarto dianteiro (músculos do pescoço, do peito e da paleta) ou no quarto traseiro (músculos do coxão, da alcatra e do lombo), após pesquisa no DIF, mediante incisões múltiplas e profundas.

Carcaças com mais de um cisto, mas que não forem classificadas com infestação intensa, são destinadas ao aproveitamento com uso do calor, depois de removidas as áreas atingidas.

Já quando o cisticerco é encontrado vivo, a carne deve ser destinada ao tratamento pelo frio ou pela salga, também removendo a área atingida.

Um único cisto calcificado não justifica a eliminação da carcaça. A área afetada pode ser eliminada e a carne destinada para a linha de consumo normalmente.

Confira a entrevista!

Conversamos com a pesquisadora especialista em Parasitologia Veterinária, Ana Carolina de Souza Chagas, da Embrapa Pecuária Sudeste, localizada em São Carlos (SP), para contextualizar melhor todo o cenário da cisticercose hoje, no Brasil.

1- A cisticercose é um problema já muito conhecido pelo produtor. Ela acontece com maior frequência no sistema a pasto ou em confinamento? 

A cisticercose é uma doença causada pelo estágio larval (cisticerco ou cisto hidático) de uma tênia (Taenia saginata) de ocorrência no intestino do homem. O cisticerco ocorre nos músculos dos bovinos e representa um problema econômico para a indústria da carne, além de risco para a saúde pública.

O bovino usualmente se contamina ingerindo os ovos.  Um homem infectado pode eliminar milhões de ovos por dia. Eles podem estar livres nas fezes ou presos em segmentos contendo cerca de 25.000 ovos. Eles sobrevivem na pastagem durante meses, quando podem ser ingeridos pelos bovinos. Por isso é mais comum nos animais criados a pasto.

Os bovinos também podem ser infectados nos primeiros nos primeiros dias de vida, pelos peões infectados cujas mãos estão contaminadas com ovos de Taenia. Também tem sido relatado que funcionários infectados têm o hábito de colocar os dedos para estimular o aleitamento artificial em bezerros, disseminando ovos e infectando os animais.

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2- Quais os prejuízos causados pelas carnes condenadas pelo cisticerco? 

Rossi (2014) descreveu os achados de 4.324 casos de cisticercose bovina (2,26% de frequência) encontrados no ano de 2012 em um estabelecimento de abate no Estado de São Paulo que representou prejuízos de R$ 709.533,00 reais para os produtores fornecedores.

As perdas se estendem aos estabelecimentos industriais processadores quando há ocorrência de carcaças positivas para cisticercose, pois os cortes são destinados exclusivamente para o mercado interno deixando de agregar valor ao produto. Existem ainda os prejuízos relativos à condenação total ou parcial de vísceras e carcaças, sendo que nos casos de condenação parcial o restante da carcaça é direcionado a tratamentos industriais, podendo ser pelo frio (congelamento), pelo calor (conservas) ou pela salga.

O congelamento de carcaças a -10°C por pelo menos 10 dias é o suficiente para matar os cisticercos, embora reduza o valor econômico da carne. Entretanto, embora o tratamento a frio de carcaças infectadas é o método mais eficaz e comumente empregado, possui custo estimado de US$23,27 por animal, configurando significativa perda econômica na cadeia produtiva da carne (Fukuda et al., 2003).

Assim, devido aos custos da energia, mão de obra e ocupação de espaços em câmaras, esse é um tratamento caro, inviabiliza a exportação de carnes in natura e impõe penalização ao produtor, com variável depreciação do preço da arroba.

 

3- Quais as boas práticas recomendadas para diminuir a incidência do problema?

Em termos de manejo é importante dar o devido fim às fezes humanas, pois não podem ser usadas como fertilizante em áreas cultivadas ou em áreas ocupadas pelos bovinos.

Além disso, medidas capazes de interromper a cadeia epidemiológica e, consequentemente, evitar a transmissão da enfermidade devem ser contempladas dentro dos programas de Boas Práticas Agropecuárias (BPAs) e implementadas na cadeia produtiva da carne bovina brasileira.

Na pecuária de corte, as BPAs consistem em capacitar os funcionários envolvidos no processo produtivo e garantir que os mesmos apresentem condições de saúde satisfatórias; fornecer água e alimentos adequados e isentos de contaminações; prover um manejo sanitário do rebanho adequado e de acordo com legislação vigente, com destinação correta de resíduos orgânicos humanos e animais; controle de pragas e vetores, dos insumos utilizados e das enfermidades possivelmente presentes no rebanho (Rossi et al., 2014).

4- Como a mudança na lei sobre o cisticerco se reflete no campo?

Muitas vezes somente com o endurecimento das leis é que a prevenção recebe maior atenção. Deve-se investir em saneamento básico e cuidados básicos de higiene dos trabalhadores que manuseiam os animais na rotina.

5- É possível falar sobre algum tipo de garantia econômica viabilizada por esse Decreto? 

Sim, com as novas regras a qualidade das carcaças tende a aumentar. A inspeção é inevitavelmente um compromisso entre a detecção de cisticercos e a preservação do valor econômico da carcaça. Regras mais rígidas também são importantes no sentido de preservar a imagem da carne do país frente ao mercado externo e uma forma de adicionar valor à mesma, pois existe a tendência de se pagar mais por uma carne de melhor qualidade.

Veja nossas dicas para acabar com a cisticercose bovina

Agora que já conhece como funciona a regulamentação da cisticercose bovina, é hora de fazer o controle desse problema. Veja as dicas da Agrocampo Giordani para você:

Ricobendazole

Ricobendazole cotra cisticercose bovina
Combate os parasitas internos, incluindo a cisticercose nos bovinos, a base de sulfoxido de albendazol.

Meltra

Meltra contra cisticercose bovina
Antiparasitario interno para vermes gastrintestinais e pulmonares dos bovinos. A base de Sulfoxido de Albendazol 18,75%.

Agebendazol

Agebendazol contra cisticercose bovina
Com 15% de sulfoxido de albendazol, combate parasitas internos e cisticercose.

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2 Comentários

  1. […] Uma delas é que as lotações maiores e o confinamento são espaços propícios para a  contaminação do gado por endo e ectoparasitas, como bernes, carrapatos, sarnas e verminoses. Todos causam perdas econômicas significativas na hora do abate. Inclusive, falamos aqui sobre o impacto da cisticercose. […]


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